sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O exemplo de Marialva

(Foto do site oficial da Prefeitura)
Participei hoje, em Marialva, da apresentação do trabalho de Georeferenciamento que foi desenvolvido no município graças a uma parceria entre a Prefeitura e Emater. É um trabalho complexo que exigiu exaustivo trabalho de campo, com visita às propriedades rurais para obtenção de informações para alimentação de um banco de dados.

O projeto foi iniciado há quatro anos, numa iniciativa inédita no Estado no sentido de levantar informações diversas sobre propriedades rurais a partir de levantamentos de satélite e uso de GPS (Global Positioning System), e é o primeiro georeferenciamento completo concluído de um município do Paraná. O trabalho de campo foi desenvolvido por universitários da UEM e CESUMAR, sob supervisão do Eng. Agrônomo Rodolfo Mayer, da Emater, e dá um diagnóstico completo de todas as propriedades (altitude, tipos de solos, área de cada cultura, número de propriedades, número de cada lote, proprietário, entre outras informações). Num clique de mouse é possível ter na tela todos os lotes que tem uva demarcados no mapa do município, por exemplo. E esse trabalho estará disponível à comunidade.

Mais uma vez Marialva sai na frente dos outros municípios da região. Assim que puder vou tratar desse assunto, da verdadeira revolução que vem acontecendo ali, principalmente na agricultura.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Alerta no Eucalipto

Essa má notícica foi repassada pelo Joaquim, colega agrônomo da Emater daqui de Maringá. Segundo ele, que tem trabalhado com eucalipto, apareceu na região uma nova praga na cultura, até há pouco tempo somente encontrada em outros países. Trata-se de um hemíptera, o percevejo bronzeado (Thaumastocoris peregrinus). Os danos são o prateamento de folhas, seguindo de secamento e quedas dessas folhas. As árvores ficam com aspecto ressecado, com a copa seca. Esse dano é devido ao hábito alimentar do percevejo, que perfura as folhas e ramos finos para sugar seiva, deixando as folhas secas.
Segundo o Joaquim, ele visitou uma área de 8 hectares, no município de Flórida, totalmente atacada e comprometida, com plantas de 4 anos secando.
Os primeiros relatos da praga no Brasil são de junho de 2008, e no Paraná são de 2009, conforme citações nos materias técnicos abaixos: Registro no Paraná e Alerta: Ameaça às florestas de eucalipto brasileiras 


O problema parece ser muito sério e merece toda nossa atenção, principalmente agora que a madeira está tendo um incremento de área, com muitos plantios comerciais por todo o país.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O exemplo de Bituruna

Para quem não sabe, Bituruna é uma cidade de pouco mais de 15 mil habitantes, localizada no sul do Paraná, numa região bem acidentada por sinal. Sua economia é agrícola, sendo o vinho e a madeira os produtos principais. Boa parte da população, quase 50%, vive na zona rural. Este é o cenário do local que vem dando um belo exemplo de cidadania e responsabilidade social, principalmente quando comparamos com cidades ditas "mais evoluídas" como nossa querida Maringá. O pessoal de lá está dando um banho e colocando muitas cidades "no bolso".
O assunto é aterro sanitário, reciclagem e coleta de lixo, um tema bem na moda para nós maringaenses, que estamos esperando a solução para o problema por parte do poder público e demais autoridades.
A dica foi do meu amigo Luiz Marcelo Franzin, atual secretário de agricultura da grande Pitangueiras, e que foi visitar, na última semana, o trabalho desenvolvido em Bituruna, na questão da coleta seletiva e reciclagem de lixo. A visita foi motivada pela intenção do prefeito de Pitangueiras, o engenheiro agrônomo Cristóvão Ripol (por sinal meu conterrâneo de faculdade), de implantar algo parecido por aqui, já que existe um trabalho em andamento, com coleta seletiva e tudo, mas o aterro ainda é problemático, pois o descarte de material ainda é grande. 
Segundo o Marcelo, em Bituruna praticamente todo o lixo é aproveitado: os descartáveis são vendidos e o orgânico vira adubo vegetal (clique aqui: para ver as fotos baixar o arquivo). Ao final do processo,  de algumas toneladas de lixo coletado, sobram apenas algumas dezenas de lixo que realmente terá que ser depositado no aterro controlado, caudando um impacto muito pequeno.
Em tempo: a Prefeitura de Pitangueiras foi conhecer o trabalho por indicação de professores da UEM-Universidade Estadual de Maringá, que estão assessorando o trabalho, que pelo jeito tem tudo para ser implantado, já que voltaram supermotivados e encantados com a organização e trabalho que vem sendo feito naquele município.

domingo, 24 de outubro de 2010

Bom momento II

Nos últimos dias a cotação da soja está bem interessante, beirando os US$ 12 por bushel, um valor elevado para o produto. Hoje, no programa Globo Rural, o ex-ministro da Agricultura, Engenheiro Agrônomo Roberto Rodrigues fez uma análise da situção, que de fato só não está melhor devido à cotação do dólar. Mas ele mesmo alerta: a tendência da moeda americana não é de se valorizar.
Assim, considerando que os preços da soja em dólar estão, tanto no físico quanto no futuro, com cotação alta, a recomendação seria de o produtor procurar fazer uma trava de parte da produção, garantindo uma rentabilidade mínima ao seu empreendimento, que nos preços atuais beiraria 100% de lucro, caso a produtividade seja normal nesta safra 10/11. Caso não queira fazer o hedge, existe a possibilidade de buscar um seguro de preços através do mercado de opções, de forma a participar de uma possível maior alta no mercado no futuro.
Como disse o Dr. Roberto na entrevista: "portanto é bom: número um, botar as barbas de molho, e número dois, fazer uma posição no mercado futuro, vendendo pelo menos uma parte da safra”. Fica a dica!

domingo, 17 de outubro de 2010

Meteorologia

Confira a previsão do tempo para todo o Brasil, com análise de Desirée Brandt da Somar Meteorologia. Recebi a dica do colega agrônomo Adalberto Scanferla, e coloco à disposição para todos. Para ver a previsão para todo o país acesse o link a seguir (noticias agricolas), já para informações da nossa região (Sul do Brasil) veja o vídeo, que aponta para ocorrência do fenômeno La Niña com forte intensidade sobre o Pacífico. Este resfriamento do Oceano deverá alterar o comportamento da safra no Brasil, principalmente com diminuição das chuvas nos Estados do Sul.

sábado, 16 de outubro de 2010

Bom momento

A agricultura é feita de altos e baixos, de grandes emoções, talvez por isso seja tão apaixonante. Diferente da indústria onde se planeja produzir por um custo, acrescenta-se a margem de lucro, define um preço e tem um ganho mais ou menos pré-estipulado, na agricultura o cenário é um bem menos previsível. Depende do clima para produzir e os preços são definidos pelo mercado, podendo a margem ser mínima e até de prejuízo, como também ser bem grande, com rentabilidades de mais de 100%. Enfim, são os ônus e bônus do risco. 
Por que estou dizendo isso ?  Porque felizmente estamos em um bom momento, e a hora é de agradecer às boas colheitas na última safra, tanto de verão quanto inverno, e aos preços que, de forma geral, estão bem favoráveis.
Domingo, em entrevista no programa Globo Rural, o economista José Roberto Mendonça de Barros citou o que chama de fenômeno curioso, que há muitos anos ele não via: "todos os preços de produtos importantes estão em alta forte, a partir de julho especialmente. Com o aquecimento da China mais os efeitos climáticos estão fazendo a alta de preços agrícolas virar um fenômeno mundial e preocupante. Estes preços estão subindo em boa medida porque têm demanda, associado a isso, algo que é do setor, adversidades climáticas. Seca na Rússia, seca na Ucrânia, chuva demais no Paquistão afetando a produção e produtividade no mundo como um todo. Como os estoques não estavam tão grandes, esta pressão de preço se generalizou e é um negócio inusitado. Há muitos anos acompanhando a agricultura, realmente é raro a gente ver este fenômeno", afirma ele.
Só para ilustrar temos:
- Soja: R$ 40,00 / sc (bom)
- Milho: R$ 17,00 / sc (razoável, mas pela produtividade da safrinha preço se torna bom)
- Mandioca: R$ 300,00 / t (ótimo, o dobro do ano passado)
- Laranja: R$ 10,00/cx 40,8 kg (bom, o dobro do ano passado)
- Café: R$ 280,00 / sc (bom)
- Frango: mercado em amplo crescimento
- Suíno: R$ 2,50 / kg vivo (mercado firme)
- Boi: R$ 90,00 / arroba (muito bom)
- Álcool e Açúcar: ótimos.
- Madeira: muito bom.
Enfim, tem realmente muitos produtos com mercado favorável e não dá para reclamar agora.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Oração do Agrônomo

"Herdarás o solo sagrado e a fertilidade será transmitida de geração em geração. Protegerás teus campos contra a erosão e tuas florestas contra a desolação. Impedirás que tuas fontes sequem e que teus campos sejam devastados pelo gado. Para que teus descendentes tenham abundância para sempre."

AGRONOMIA: A CIÊNCIA DA VIDA

domingo, 10 de outubro de 2010

12 de Outubro - Dia do Engenheiro Agrônomo

 
Parabéns a todos os colegas de classe, que exercem esta grande profissão, tão eclética e diversa quanto a natureza que juramos preservar. 

"Que no exercício da minha profissão, me mostre sempre fiel aos mandamentos da honestidade e da Ciência, cumprindo e fazendo cumprir a fiel observância das leis e postulados da ética profissional.
Traga no peito a vontade de vencer e voltar a minha luta para melhorar o mundo.
Respeite a terra trabalhando-a com nacionalidade para que mais ela possa produzir.
Nunca esqueça que a sobrevivência e o crescimento do homem somente se consolidarão de forma duradoura se harmonizados com o meio ambiente.
Utilize a minha profissão para favorecer o progresso social e econômico do meu país"

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Biotecnologia na laranja

Na última semana tivemos o prazer de visitar o grande nome da citricultura do Paraná na atualidade. O Dr. Eduardo Fermino Carlos é hoje "o cara" da laranja, e há pouco menos de um ano veio trabalhar como pesquisador no IAPAR, uma grande aquisição do nosso Instituto de Pesquisa, que deve contribuir muito para o desenvolvimento da cultura no Estado.
O Eduardo (como colega de turma da UEL, tomo  a  liberdade de chamá-lo assim), que foi contratado especialmente para trabalhar com biotecnologia, nos apresentou as bases de seu trabalho. Tivemos numa agradável manhã, uma aula particular sobre as novas tendências da citricultura mundial, as técnicas que vem trabalhando, e as promessas de termos em breve laranjas resistentes a seca (transgênicas), laranjas mais produtivas, e quem sabe citros resistentes ao greening, entre outras linhas de pesquisa que desenvolve.
Embora o Paraná seja pouco expressivo na produção de citros, o Estado tem algumas características que podem fazer com que nossa citricultura seja diferenciada. Como ele próprio disse, hoje figuramos na categoria de "outros" no ranking de produtores liderados por São Paulo, e já que não podemos ser os maiores, que sejamos os melhores. E pelo jeito temos todos os elementos para fazer isso.

domingo, 3 de outubro de 2010

Vantagens dos adubos verdes

A matéria abaixo, tirada do site Agrolink, é bem interessante. Embora as plantas citadas sejam de verão, ou seja, concorrem com as nossas culturas principais, e por isso são pouco conhecidas e cultivadas, o estudo mostra que há muita coisa ainda a descobrir, e muitas soluções e respostas estão na própria natureza, basta fazermos bom uso delas.

O problema é que pouca gente dá importância para essas plantas, ditas "não comerciais", apesar de seu uso consagrado. É certo que ninguém vai plantar mucuna, feijão de porco ou crotalária ao invés de soja, mas para determinadas situações tais plantas podem ser utilizadas, principalmente na entrelinha de culturas permanentes como café, laranja, etc, entre outras situações. O difícil, no entanto, é encontrar sementes para o plantio. Na última semana resolvi comprar semente de mucuna-anã, para plantio na entrelinha do café que foi esqueletado. Pois bem, no Norte-Noroeste do Paraná deve ter duas ou três empresas que vendem tais sementes. Aí fica difícil:  a demanda já é pequena, e quando há não se encontra sementes! E neste ponto, 2 x 0 para Londrina sobre Maringá. O problema é que não é todo produtor que pode pegar um carro e ir até Londrina para achar o que precisa.

Matéria - Fonte: Agrolink
"Descoberto mais um benefício do cultivo de adubos verdes. Dentre os diversas vantagens, a mucuna-preta e o feijão-de-porco descontaminam o solo afetado com resíduos de herbicida.
Já se sabe que o cultivo de espécies vegetais da família das leguminosas pode trazer inúmeros benefícios aos agroecossistemas, tais como: aporte de nitrogênio (N) ao solo, devido à simbiose com bactérias fixadoras de N atmosférico; descompactação do solo, resultante da ação de raízes pivotantes; ciclagem de nutrientes, depositando nas camadas superficiais nutrientes absorvidos de camadas mais profundas; adição de matéria orgânica ao solo; incremento da atividade biológica dos solos; e proteção do solo contra processos erosivos.
Uma equipe multidisciplinar de pesquisadores de quatro instituições (Universidade Federal do Espírito Santo, Universidade Federal de Viçosa, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e Embrapa Tabuleiros Costeiros) descobriu mais um benefício de duas espécies de adubos verdes - mucuna-preta (Stizolobium aterrimum) e feijão-de-porco (Canavalia ensiformis) – a capacidade de descontaminar solos com resíduos de herbicidas.
Alguns herbicidas registrados para uso em diversas culturas agrícolas no Brasil apresentam a característica de continuar ativo no solo por um longo período de tempo. O uso desses herbicidas pode impedir o plantio de outras culturas na mesma área por vários meses ou até anos. O uso do herbicida picloram pode exemplificar essa situação, pois após a sua aplicação no solo, deve-se esperar, em média, três anos para que se possa efetuar a semeadura de uma cultura sensível, com segurança, na mesma área.
Do ponto de vista ambiental a redução desse período de atividade residual do herbicida no solo também é positiva. Quanto maior o tempo que um herbicida permanece ativo no solo, maior é a probabilidade de ocorrer a lixiviação de suas moléculas no perfil do solo, podendo atingir e contaminar os mananciais de água subterrânea.
Trabalhos científicos comprovaram que o cultivo das espécies mucuna-preta e feijão-de-porco pode auxiliar na redução do nível de atividade no solo dos herbicidas trifloxysulfuron sodium e tebuthiuron. Com a aplicação dessa técnica pode-se reduzir significativamente o intervalo entre a aplicação desses herbicidas e a semeadura de uma espécie cultivada que não apresenta tolerância à presença dessas moléculas no solo.
Essa técnica de se utilizar plantas no intuito de se promover uma descontaminação de áreas agrícolas ou mesmo industriais é denominada de fitorremediação.
Essas pesquisas reforçam ainda mais os benefícios que o cultivo de adubos verdes pode proporcionar para as áreas agrícolas (otimização do uso da terra e redução da contaminação ambiental), mostrando a importância da inserção dessas espécies em sistemas de produção sustentáveis."
Sergio de Oliveira Procópio, pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros
Fábio Ribeiro Pires, professor da Universidade Federal do Espírito Santo
Embrapa Tabuleiros Costeiros - Aracaju