Pesquisa do Fundecitrus detectou a duplicação da incidência na praga nos pomares paulistas, em especial na região central do estado - São Paulo
O greening avança de forma preocupante nos laranjais paulistas e já afeta, somente este ano, 7,6 milhões de pés, que precisam ser eliminados para não infectar as demais árvores. Em um ano, o número de plantas atingidas pela praga praticamente dobrou em São Paulo, segundo o gerente do departamento técnico do Fundecitrus, Cícero Augusto Massari, alcançando 3,8% das árvores e 53,3% dos talhões do parque citrícola de São Paulo. Para o pesquisador, o avanço da doença mostra que é preciso aumentar os cuidados com o controle. "Somente as aplicações de inseticidas não são suficientes para impedir o crescimento da doença, uma vez que não é possível zerar a população da praga", afirma Massari.
O levantamento amostral é realizado anualmente pelo Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), instituição de pesquisa mantida pela cadeia citrícola paulista. No ano passado, 1,8% das plantas e 38,8% dos talhões paulistas apresentavam a doença. Este ano o número de árvores infectadas teve aumento de 111% enquanto a incidência nos talhões aumentou 37,7%. O greening, conhecido como a doença mais destrutiva da cultura do citros (laranja, tangerina e limão), deixa as folhas amareladas onde podem ser observadas manchas irregulares. Ocorrem também mal formações nos frutos e a árvore necessita ser arrancada pela raiz e queimada para não contaminar o pomar inteiro. A região mais afetada pela doença é a central, com 6% de árvores doentes, seguida pela sul com 5%. A região norte apresentou 0,8% de plantas contaminadas, a oeste, 0,7% e noroeste, 0,17%.
Apesar dos números, o Fundecitrus lembra que o percentual de plantas doentes ainda continua inferior se comparado com o estado norte-americano da Flórida, segundo maior parque citrícola do mundo, que tem aproximadamente 18% de plantas contaminadas. "Esse resultado se deve à resposta dos produtores ao treinamento e adoção, mesmo que sem a intensidade recomendada. O uso de mudas sadias e certificadas, constantes inspeções no campo, erradicação de plantas doentes e controle do inseto vetor, o psilídeo Diaphorina citri, são as principais ações de combate à doença", diz a nota da instituição. Atualmente, o parque citrícola paulista possui 200 milhões de laranjeiras.
De acordo com Massari, dentre as medidas de manejo da doença, a mais importante é a remoção das plantas doentes, pois se mantidas nos pomares, servem de fonte para a contaminação de plantas sadias. Por outro lado, é fundamental a adoção de controle do inseto vetor, por meio de pulverizações. Essa é uma iniciativa importante, porém não pode ser adotada isoladamente. Nesse sentido, é importante reforçar que as medidas devem ser adotadas de maneira integrada, pois uma complementa a outra. O Fundecitrus reforça que o ideal, para ser eficaz, é que os citricultores realizem o manejo regional.
Em 2010, uma pesquisa da instituição comprovou que, quando feito em conjunto por vários produtores vizinhos, o manejo do greening é mais eficaz, reduzindo até 90% os níveis de incidência da doença. Desde então, a instituição apoia a formação de grupos de manejo regional do greening.
Em todo o estado, grupos se formaram, totalizando 4.379 propriedades trabalhando em conjunto para o controle do inseto vetor. Em Mogi Mirim, na região sul do estado, o produtor Arnoldo Mielke está trabalhando em conjunto há, aproximadamente, um ano. Em seu pomar, no primeiro semestre de 2011, encontrou 0,75% de plantas doentes. Além das pulverizações, Mielke realiza constantes inspeções na propriedade. "Assim que encontro a planta doente, já faço a erradicação na mesma semana. Minha meta é evitar que a doença passe de 1%", diz. Antônio Hermes Bruno, também de Mogi Mirim, é favorável à ação conjunta. "O pessoal precisa ter consciência e atuar com o planejamento das ações de maneira coordenada. Só assim vamos manter o greening sob controle", destaca.
DCI - Diário do Comércio & Indústria