A seguir matéria da Embrapa, onde apresenta o resultado de trabalho de muitos anos, mostrando que a rotação de culturas garante 10% de aumento de produtividade no sistema de cultivo de plantio direto. Já escrevi recentemente que aqui em Maringá tem um trabalho de campo que apresenta resultados concretos para os produtores que aderiram ao sistema. Fica o desafio aos técnicos, já que a técnica é consagrada e indiscutível, falta um pouco mais de firmeza nas recomendações e até de valorização profissional, já que para continuar fazendo do jeito que vem sendo feito há anos por aqui (sucessão soja-milho safrinha) nem precisa muito de agrônomo!
Culturas agrícolas inseridas em sistema de rotação de culturas apresentam, em média, 10% de aumento de produtividade. Este é um dos principais resultados de um experimento sobre rotação de culturas conduzido por 25 anos pela Cooperativa Coamo em parceria com a Embrapa Soja (Londrina- PR).
O experimento sobre rotação de culturas, com 12 combinações diferentes que intercalam leguminosas e gramíneas, foi idealizado pelo pesquisador aposentado da Embrapa Celso Gaudêncio, em 1985, e recentemente vem sendo conduzido pelos pesquisadores Júlio Franchini e Henrique Debiasi, da Embrapa Soja, em parceria com o Setor Técnico da Coamo. O objetivo é avaliar o desempenho de culturas de interesse econômico como trigo, milho safrinha, milho de verão.
Um resultado que chama a atenção no experimento de rotação de culturas, é a inexistência de compactação do solo em plantio direto. “Concluímos que as culturas agrícolas que compõem o experimento fazem uma descompactação biológica, por intermédio dos diferentes sistemas radiculares das plantas”, diz Franchini.
Com o solo descompactado e as raízes mais aprofundadas, as plantas conseguem resistir melhor a estresses como a seca e doenças. “Em termos biológicos, a rotação de culturas colabora com a redução de doenças fúngicas nas raízes ou folhas (caso do trigo e do milho)”, diz.
A rotação de culturas melhora ainda a qualidade do solo, permitindo que as plantas tenham maior desenvolvimento, maior reservatório de água e maior estabilidade de produção. Ou seja, a planta consegue produzir mesmo sob condições adversas. “E, quimicamente, a rotação com diferentes culturas favorece a reciclagem de nutrientes, porque as raízes mais profundas aumentam a eficiência do uso dos fertilizantes”, avalia Franchini.
Segundo o pesquisador, no caso do trigo, os resultados mostram que o cultivo sucessivo no mesmo espaço por mais de dois anos aumenta as chances de aparecimento de doenças foliares e radiculares. O milho safrinha também apresenta a mesma dificuldade depois de dois anos de cultivo contínuo. E no caso da soja, observou-se um melhor desempenho produtivo, quando cultivada em rotação com o milho de verão.
Um dado importante observado para o milho de verão é o acréscimo de produtividade, quando cultivado em sucessão a leguminosas de inverno (tremoço e ervilhaca) ao invés de gramíneas (trigo ou aveia) sucessivamente. “Isto porque ao contrário das gramíneas, as leguminosas fixam o nitrogênio do ar e melhoram a produtividade da cultura subsequente”, avalia.
O experimento conclui que a rotação de culturas, além de ampliar a produtividade, traz benefícios físicos, químicos e biológicos ao solo, o que beneficia todo o processo produtivo.