terça-feira, 30 de março de 2010

Rerum rusticarum II

Buscando ainda mais umas passagens do livro desse romano, escrito há mais de dois mil anos, destaco a parte que trata da sustentabilidade da agricultura, tema em alta atualmente, mas que nunca deveria ser esquecido:

"Em primeiro lugar, ela (a agricultura) não é somente uma arte, mas é uma arte nobre e importante. Ela é, ao mesmo tempo, uma ciência que ensina que culturas devem ser plantadas em cada tipo de solo, e que operações deve ser praticadas, a fim de que a terra possa produzir perpetuamente as maiores colheitas". (pg 185).  
" ... o risco (da agricultura) pode ser reduzido pela ciência; pois, mesmo sabendo que o sucesso depende do clima e do solo, os quais estão fora de nosso alcance por serem da natureza, ela ainda muito depende de nós, por que podemos, com boas práticas, reduzir os efeitos desfavoráveis". (pg. 187)

segunda-feira, 29 de março de 2010

Rerum rusticarum

O texto abaixo foi apresentado na Revista DBO Agrotecnologia, edição 16, de junho/julho de 2008, e é o resultado da pesquisa feita pelo Engenheiro Agrônomo Fernando Penteado Cardoso, fundador da Manah e presidente da Fundação Agrisus, que garimpou essa raridade milenar, que mostra como a agricultura era vista, nos anos 36 a 27 A.C., por um romano estudioso e culto, chamado Marcus Terentius Varro. Essa primeira passagem que destaco nos remete ao tema do plantio direto na palha e rotação de culturas, e parece que foi escrito para os dias de hoje:

"... algumas espécies também devem ser plantadas, não só pela renda imediata, mas tendo em vista o ano seguinte, pois, cortadas e deixadas sobre o solo, elas o enriquecem". (pag.243)  "A terra deve ser destinada a cada dois anos a uma cultura mais leve, quero dizer uma cultura que seja menos esgotante da terra". (pag. 277).

terça-feira, 23 de março de 2010

Planta resistente não vende "veneno"

Notícia do suplemento agrícola do jornal O ESTADO DE SÃO PAULO, página 03, do dia 10/03/10, que noticiava a solicitação do Centro de Citricultura Sylvio Moreira à CTNBio autorização para fazer testes de laranja resisitente ao cancro cítrico, destaca o seguinte comentário, que merece uma boa reflexão sobre os reais interesses das empresas nessa linha de pesquisa que provavelmente vai contra seus objetivos:

"As pesquisas com trangenia em citros no Brasil poderiam estar mais avançadas se a Monsanto, uma das maiores empresas desenvolvedoras da técnica no mundo, não descontinuasse os experimentos realizados na Allelyx, empresa de biotecnologia adquirida do Grupo Votorantin em outubro de 2008. Sem explicar os motivos, a assessoria da Monsanto informou apenas que todo o trabalho de transgenia em citros feitos pela Allelys foi descontinuado. A aquisição ocorreu quando a CTNBio analisava os pedidos da Allelyx para a pesquisa de campo com citros".

Outra questão interessante para pensarmos, é que apesar de surgir novas tecnologias, que teoricamente reduziriam a aplicação de defensivos (RR, Bt), surgem novas doenças ou pragas, que requerem até mais aplicações que antes. Veja os exemplos: ferrugem na soja; doenças no milho que nunca precisou de fungicida. Tudo bem que sempre que se busca melhorar uma questão, perde-se em outras, mas vale a pena refletir melhor sobre essa questão, principalmente nós técnicos, que somos os responsáveis pela transferência de tecnologia ao produtor.


quinta-feira, 18 de março de 2010

Tendências da Citricultura

Foi realizada ontem, dentro da programação técnica da ExpoParanavaí, uma excelente palestra aos citricultores e técnicos da região. A apresentação feita pelo meu grande colega de turma, pesquisador do IAPAR, PhD em citrus, Dr. Eduardo Fermino Carlos, teve como tema a Citricultura Internacional e as perspectivas para o Paraná, abordando basicamente dois aspectos, um de alerta sobre a grande ameaça atual da cultura, que é a doença conhecida por greening ou HLB (já abordada neste blog alguns dias atrás). Por outro lado, mostrou que por trás da ameaça temos uma grande oportunidade, que é o potencial do Paraná na produção de citrus, mostrando como a nossa região pode se consolidar como um pólo produtor importante, caso venha a fazer a lição de casa, que passa pela criteriosa inspeção dos pomares e erradicação de plantas doentes.

O resumo completo da palestra está no arquivo anexo para download. É só clicar no link ao lado: Palestra - Citricultura Internacional e perspectiva para o Paraná

terça-feira, 16 de março de 2010

Guerra do algodão

A história é mais ou menos assim: é sabido que há muito tempo os EUA dão uma força aos seus produtores, com subsídios que tiram qualquer concorrente da parada, principalmente os produtores brasileiros, concorrentes diretos de muitos produtos que se planta aqui e lá. E apesar das reclamações, o negócio sempre continuou, afinal "eles" são o poder dominante, maior consumidor mundial, primeira economia e coisa e tal. Mas enfim, depois de 8 anos, uma reclamação formal do Brasil junto a Organização Mundial do Comércio (OMC), teve ganho de causa no ano passado.
Assim, o Brasil como forma de compensação, por US$ 12,5 bilhões em subsídios americanos aos produtores de algodão, foi autorizado a restringir exportações americanas num volume total de US$ 829 milhões. Os americanos, no desespero, tentam sugerir que a retaliação - que tem todo o amparo legal - pode atrapalhar a relação comercial entre os dois países e transformar-se numa guerra comercial. 
E tem muita gente que entra nesse jogo, cheguei a ver um programa de televisão, onde o apresentador dizia que por conta dessa posição do Brasil, o pãozinho ia subir, já que o trigo americano para entrar no Brasil agora teria que pagar um imposto maior, e o povo que pagaria o pato. Pode até ser, que em alguns casos, o povo pague um pouco essa conta, mas o prazer de ver exercido um direito e a soberania de um país vale tudo isso, ainda mais contra o imperialismo americano. Pelo menos essa é minha opinião.
Aproveito e coloco um link de um artigo que li e que traz uma análise bem sensata e que ajuda a esclarecer a questão.
Para ler e se inteirar melhor sobre o assunto, é só clicar no texto Brasil transferiu desgaste aos EUA com retaliação.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Chuva importante

Segundo o SIMEPAR, neste final de semana choveu em praticamente todo o Estado, e embora por aqui, no Noroeste, tenha havido uma precipitação menor que no Norte e no Oeste, a chuva foi muito bem vinda e vai salvar muito milho safrinha que ainda estava debaixo da terra, além claro de dar uma força aqueles já emergidos e em desenvolvimento.

Como o prazo de plantio do milho já se expirou no dia 10, agora é preparar para outras atividades, seja o trigo ou o cultivo de algum adubo verde (aveia, braquiária, nabo forrageiro, tremoço, etc), visando a melhoria do solo para o verão, que é a safra principal, e aquela que o produtor tem que planejar melhor, afinal como o próprio nome diz, essa é só a safrinha, embora muitos produtores tenham apostado todas as fichas nela em detrimento da principal.

Abaixo o mapa com a precipitação acumulada no domingo.
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sábado, 13 de março de 2010

Mais Expo Paranavaí

Além das palestras técnicas à noite, a exposição tem uma programação diária, organizada pela Emater, com uma área onde são demonstradas diversas atividades da região e palestras para produtores e técnicos. Para conferir a programação completa é só clicar no cartaz e ampliar!

quinta-feira, 11 de março de 2010

Rally da Safra

Foi realizado na última segunda-feira, dia 08, aqui em Maringá, um evento onde foi proferida palestra sobre mercado de soja e milho. O Rally da Safra é uma expedição organizada pela Agroconsult, com o apoio de outras grandes empresas, que percorre as principais regiões produtoras do Brasil, fazendo levantamentos das principais culturas e apresentando os resultados aos produtores. Quem quiser acompanhar o roteiro e ver as notícias é só acessar o site www.rallydasafra.com.br/.

Resumidamente a situação apresentada na palestra foi a seguinte:
SOJA - Safra 09/10 - EUA: área recorde, produção recorde;
AMÉRICA DO SUL (Brasil/Argentina): área recorde, produção recorde;
Estoque mundial inicial de 31 foi para 48 milhões de toneladas.
Preços com tendência de ficar no patamar de US$ 9 a 9,25 por bushel, ou seja, algo em torno de US$ 20,00 por saca em Chicago.
Para a próxima safra 10/11 a tendência é de aumento de área, e se as condições forem favoráveis, o estoque mundial vai perto de 60 mi de t e preços tendem a cair para a faixa de US$ 8,5 a 9,0 por bushel.

MILHO - situação semelhante, sendo que em termos externos sem perspectiva de melhora. O alento seria o mercado interno, caso a avicultura e suinocultura se consolidem e aumentem o consumo.
Preços com tendência de ficar no patamar de US$ 3,7 a 4,0 por bushel.

O colega Orlando, engenheiro agrônomo do BB, como de costume, fez um resumo completo da palestra com todos os detalhes. Para baixar o arquivo é só clicar aqui e fazer o download. 

terça-feira, 9 de março de 2010

Palestras Técnicas na Expo Paranavaí

(clique na imagem para ampliar)
Na próxima semana começa a Expoparanavaí, que tem boas palestras técnicas no estande da Galeria da Citricultura, um espaço criado há seis anos para tratar de assuntos da cadeia produtiva dos citrus, numa iniciativa para lá de inovadora.
Neste ano teremos palestras abordando a importância da cultura da laranja no Noroeste, tendências de mercado, novas tecnologias de pulverização, manejo de plantas daninhas na laranja e mandioca, entre outras, que podem ser visualizadas no folder acima. As palestras são à noite, a partir das 19:30 h, entre os dias 15 e 19 de março. Vale a pena conferir!

domingo, 7 de março de 2010

Rotação de culturas

A seguir matéria da Embrapa, onde apresenta o resultado de trabalho de muitos anos, mostrando que a rotação de culturas garante 10% de aumento de produtividade no sistema de cultivo de plantio direto. Já escrevi recentemente que aqui em Maringá tem um trabalho de campo que apresenta resultados concretos para os produtores que aderiram ao sistema. Fica o desafio aos técnicos, já que a técnica é consagrada e indiscutível, falta um pouco mais de firmeza nas recomendações e até de valorização profissional, já que para continuar fazendo do jeito que vem sendo feito há anos por aqui (sucessão soja-milho safrinha) nem precisa muito de agrônomo!

Culturas agrícolas inseridas em sistema de rotação de culturas apresentam, em média, 10% de aumento de produtividade. Este é um dos principais resultados de um experimento sobre rotação de culturas conduzido por 25 anos pela Cooperativa Coamo em parceria com a Embrapa Soja (Londrina- PR).
O experimento sobre rotação de culturas, com 12 combinações diferentes que intercalam leguminosas e gramíneas,  foi idealizado pelo pesquisador aposentado da Embrapa Celso Gaudêncio, em 1985, e recentemente vem sendo conduzido pelos pesquisadores Júlio Franchini e Henrique Debiasi, da Embrapa Soja, em parceria com o Setor Técnico da Coamo. O objetivo é avaliar o desempenho de culturas de interesse econômico como trigo, milho safrinha, milho de verão.
Um resultado que chama a atenção no experimento de rotação de culturas, é a inexistência de compactação do solo em plantio direto. “Concluímos que as culturas agrícolas que compõem o experimento fazem uma descompactação biológica, por intermédio dos diferentes sistemas radiculares das plantas”, diz Franchini.
Com o solo descompactado e as raízes mais aprofundadas, as plantas conseguem resistir melhor a estresses como a seca e doenças. “Em termos biológicos, a rotação de culturas colabora com a redução de doenças fúngicas nas raízes ou folhas (caso do trigo e do milho)”, diz.
A rotação de culturas melhora ainda a qualidade do solo, permitindo que as plantas tenham maior desenvolvimento, maior reservatório de água e maior estabilidade de produção. Ou seja, a planta consegue produzir mesmo sob condições adversas. “E, quimicamente, a rotação com diferentes culturas favorece a reciclagem de nutrientes, porque as raízes mais profundas aumentam a eficiência do uso dos fertilizantes”, avalia Franchini.
Segundo o pesquisador, no caso do trigo, os resultados mostram que o cultivo sucessivo no mesmo espaço por mais de dois anos aumenta as chances de aparecimento de doenças foliares e radiculares. O milho safrinha também apresenta a mesma dificuldade depois de dois anos de cultivo contínuo. E no caso da soja, observou-se um melhor desempenho produtivo, quando cultivada em rotação com o milho de verão.
Um dado importante observado para o milho de verão é o acréscimo de produtividade, quando cultivado em sucessão a leguminosas de inverno (tremoço e ervilhaca) ao invés de gramíneas (trigo ou aveia) sucessivamente. “Isto porque ao contrário das gramíneas, as leguminosas fixam o nitrogênio do ar e melhoram a produtividade da cultura subsequente”, avalia.
O experimento conclui que a rotação de culturas, além de ampliar a produtividade, traz benefícios físicos, químicos e biológicos ao solo, o que beneficia todo o processo produtivo.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Dia de Campo - Arenito

(clique no cartaz para ampliar)
No mesmo dia do evento da Embrapa, mas em horário diferente,  será realizado o 13º Dia de Campo Projeto Arenito. Já participei em outros anos e vale a pena, tanto para técnicos quanto produtores, pois é derivado de um belo trabalho promovido pelo colega Eng. Agrônomo Fernando R. Sichieri, onde apresentam resultados, alternativas e práticas sustentáveis para a região do Arenito Caiuá. O Dia de Campo será realizado a partir da 14:00 no dia 05 de Março de 2010, na Estância JAE, Município de Santo Inácio-PR (a propriedade fica à margem da Rodovia Colorado-Santo Inácio, pouco antes do Ribeirão Santo Inácio, com placa indicativa).

Programação:
1- Produção animal em pastagem adubada ou consorciada
Zoo. Msc. Alyson Pinheiro- UEM

2- Sistemas de Integração Lavoura/Pecuária/Floresta
Pesq. Dr. Julio Franchini- Embrapa Soja
Eng. Florestal Dr. Sueli Sato Martins- UEM

3-Apresentação dos Sistemas e Resultados do Projeto Arenito 2005-2009
Eng. Agr. Fernando Ribeiro Sichieri- Projeto Arenito/Dekalb
Prof. Dr. Ulysses Cecato-UEM
Eng. Agr. Ricardo Padulla- Fartura Consultoria

Dia de Campo da Embrapa

Na próxima sexta-feira, dia 5 de março, entre 08h30 e 12h irá ocorrer o tradicional dia de campo realizado na Vitrine de Tecnologias da Embrapa Soja (Londrina-PR) - para os agrônomos da assistência técnica pública e privada. O evento contará com oito estações técnicas que irão tratar dos principais problemas ocorridos na safra 2009/2010 e indicar tecnologias que incrementem os sistemas produtivos em que a soja está inserida.

No auditório, serão feitas apresentações sobre florescimento precoce da soja, manejo de plantas daninhas e principais doenças no cultivo de soja. Na Vitrine de Tecnologias serão apresentadas as características das cultivares de soja transgênica e convencional desenvolvidas pela Embrapa, além de cultivares de feijão e resultados que comprovam a importância da Integração-Lavoura-Pecuária.
 
O dia de campo é uma realização da Embrapa Soja e da Embrapa Transferência de Tecnologias, em parceria com a Fundação Meridional.