sexta-feira, 30 de abril de 2010

Clima - Esperamos que as previsões sejam diferentes!

Notícia de hoje do Estadão e Gazeta do Povo
El Niño acaba, e América do Sul agora teme La Niña
Os efeitos do El Niño estão desaparecendo, mas nos próximos meses as lavouras sul-americanas podem ser prejudicadas por outro fenômeno climático, o La Niña —enquanto aquele aquece as águas do oceano Pacífico, este as resfria e provoca secas.
Dependendo de como o La Niña ocorre, as safras de café no Brasil, de trigo na Argentina e até de cana no Peru podem ser menores, afetando os preços locais e globais.
É comum que o La Niña suceda ao El Niño, situação em que as águas na faixa equatorial do Pacífico se aquecem acima do normal, empurrando massas de ar quente contra a costa oeste da América do Sul. O El Niño habitualmente aumenta as chuvas, com possibilidades de tormentas.
Os meteorologistas dizem o atual El Niño está terminando.
"Eu e muitos cientistas esperamos que o atual El Niño deixe o cenário em breve", disse Bill Patzert, oceanógrafo do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, na Califórnia.
"O que vem em seguida não está claro, e uma volta à irmã gêmea do El Niño, La Niña, certamente é uma possibilidade...", acrescentou.
Os padrões climáticos dos próximos dois meses dirão se haverá ou não La Niña, segundo especialistas.
Peru, Equador, Chile, Argentina e a parte sul do Brasil registram climas mais secos em anos de La Niña.
"Para muitas regiões norte e sul-americanas, o La Niña costuma ser chamado de ""diva da seca,"", disse Patzert.
Na Argentina, depois das bem-vindas chuvas do final de 2009, a previsão é de que a safra de soja chegue ao recorde de 54,8 milhões de toneladas, segundo a Bolsa de Cereales de Buenos Aires. Agora, a La Niña seria uma ameaça.
No caso do trigo, plantado em maio e junho, a seca poderia prejudicar o crucial período do florescimento, em setembro e outubro. A Argentina é um dos cinco maiores exportadores mundiais de trigo.
No Brasil, maior produtor mundial de café, açúcar e suco de laranja, e segundo maior de soja, o La Niña também pode ter um impacto adverso.
"O fenômeno La Niña traz riscos que podem influenciar os preços do café e de outros produtos", disse Álvaro Camargo, da Link Investimentos, de São Paulo.
O La Niña também está relacionado ao risco de geadas que podem danificar os cafezais.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Diversificação no Noroeste IV - Citricultura

A seguir uma matéria de ontem da Folha de Londrina, mostrando a movimentação do setor, e que nos dá uma idéia do que pode se transformar esse Noroeste em breve. Para ler a íntegra da matéria é só clicar no título abaixo:


Dentro de 30 dias serão colhidos os primeiros frutos dos pés de laranja plantados na Fazenda Urupês, em Cruzeiro do Oeste. O pomar, que começou a ser cultivado há apenas dois anos, conta atualmente com 400 mil árvores e representa o início do projeto "Laranja, uma visão de futuro" - de uma empresa particular da região, cujo objetivo é transformar a região oeste do Paraná em um dos principais polos produtores da fruta no Estado...

Obs: As fotos, de minha autoria, não são da área citada, e sim de outras lavouras de Paranavaí.

sábado, 24 de abril de 2010

Diversificação no Noroeste III

Quatro bons exemplos que vi ontem nas andanças pela região de Paranavaí, em solos do arenito:

Exemplo 1: Área com leguminosa (amendoim) colhido recentemente, onde produtores fazem uma parceria perfeita, em que o proprietário, neste caso, pecuarista, arrenda a área a baixo custo ao produtor do grão, que após a colheita entrega a área em condições extremamente melhores para a renovação da pastagem. O modelo também tem sido utilizado na reforma da cana, onde a leguminosa entra como recuperadora da fertilidade. No caso abaixo, o dono do imóvel também iniciou a integração de pecuária com floresta (sistema silvipastoril), mostrando a visão empreendedora e sistêmica que se tem que dar às propriedades, única forma de viabilizar a atividade agropecuária atualmente. 

clique nas fotos para ampliar

Exemplo 2: Laranja implantada há três anos, com a gramínea Brachiaria ruziziensis na entrelinha. A cultura, embora tenha passado 2009 pelo seu pior ano da última década (97-98 tinha sido a última crise), é uma atividade muito segura e rentável para o arenito, que cai muito bem nas propriedades diversificadas, ou seja, que a tenham como mais uma fonte de renda, não única. Na verdade, a solução é válida para qualquer propriedade do planeta, "trabalhe com mais de uma atividade (também não exagere, mais que três é complicado), dificilmente todas vão passar por situações delicadas ao mesmo tempo".

Exmplo 3: Pastagem fertiirrigada com manipueira de mandioca - resíduo líquido industrial gerado nas fecularias e farinheiras. Observe o contraste com a pastagem convencional após 30 dias sem chuva (amplie a foto à direita: propriedades ao fundo). Em ambas, o primeiro plano é o pasto fertilizado, a tonalidade diferente é apenas pela posição da foto em relação ao sol.

 
Exemplo 4: Sistema agro-silvo-pastoril, em que no primeiro momento se faz o plantio da mandioca concomitante com a implantação do eucalipto. Após a colheita da lavoura, intruduz-se a pastagem, quando o eucalipto está suficientemente desenvolvido para que o gado possa ser colocado na área, sem risco de danos. A equação é simples, a mandioca gera renda inicial que paga o plantio do eucalipto e a introdução do pasto. A silvicultura no curto prazo melhora a produtividade pecuária (quebra ventos, menor perda de água, controle de erosão, sombreamento para o gado, etc) e no longo prazo vai gerar uma renda extra com o corte da madeira.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Trigo - inoculação

A matéria recente publicada no Boletim da FAEP mostra como o trabalho da pesquisa traz benefícios para a agricultura. Imagina o ganho com a economia de fertilizantes químicos nitrogenados quando o uso do inoculante se tornar disponível em larga escala também para as gramíneas.
Bem, vamos ver se produtores e principalmente os técnicos vão assimilar e adotar a tecnologia, já que na soja, embora a inoculação seja técnica consagrada, boa parte a tenha deixado de lado.
Outra questão que vai influenciar muito a sua adoção será o do interesse das grandes companhias de adubos, passando por seus representantes (revendas, cooperativas, etc),  que podem não ver com bom olhos que minúsculos e baratos organismos reduzam suas vendas e participação no mercado, muito embora a pressão pela sustentabilidade possa sobrepor esses pontos contrários.
Nós técnicos podemos contribuir, e como bem escreveu o Orlando em sua última postagem no blog (http://orlandolisboa.blogspot.com/), falando de cidadania, cada um pode fazer a sua parte e engrossar a fileira dos que lutam por ideais ao invés de interesses. Fica o desafio a classe agronômica!!!

Em tempo, para os leigos: Inoculação é a aplicação da bactéria na semente pouco antes do plantio. A bactéria se desenvolve na raiz da planta e lhe traz benefícios, pois consegue retirar nutrientes indisponíveis, neste caso o Nitrogênio do ar (quem lembra de química sabe que na atmosfera 78% é N, ou seja, é o elemento principal presente) e fornece de graça para a planta. Usualmente o N é suprido através dos fertilizantes (Uréia, Sulfato ou Nitrato de Amônio, entre outros), pois é um elemento essencial ao desenvolvimento das culturas e primordial para se atingir altas produtividades. O vídeo mais abaixo mostra como se dá sua produção, que é dependente de importações de recursos naturais escassos.

Para facilitar a leitura, clique para ampliar e dê um zoom

Matéria do Globo Rural sobre produção de adubos nitrogenados:

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Diversificação no Noroeste II

Uma das alternativas que tem estado na moda nos últimos 5 anos é o reflorestamento, principalmente de eucalipto. Tenho visto muito plantio por aí, para quem é observador é só olhar na beira da Rodovia do Café, principalmente depois de Mauá da Serra, passando por Ortigueira e por aí vai. De fato, foi plantado muito eucalipto em todo o Estado, e olha que tenho informação que o forte mesmo foi em SC e RS.
Daqui uns anos vamos ver o resultado disso, muitos especialistas dizem deve haver um apagão florestal nos próximos anos, outros que o potencial da madeira é muito grande, inclusive há trabalhos mostrando seu uso na geração de energia elétrica, como fonte alternativa. Enfim, tem muita gente propagando seu plantio, que o tempo dirá se é realmente o negócio da China que um ou outro mais entusiasmado propaga, ou se será um negócio como tantos outros na agricultura, ou seja, com altos e baixos como qualquer atividade.
Em todo caso, a cultura se apresenta com um bom negócio para muitas áreas, principamente para aquelas mais marginais (topografia, preço, etc), especialmente para a reserva legal. No Noroeste, em áreas de arenito, cai bem tanto solteira quanto em sistemas de integração com a agricultura ou pecuária.
Temos participado de muitas palestras sobre o setor madeireiro, e além disso tenho um companheiro de trabalho que é exímio escritor, que anota tudo, e faz questão de dividir com os colegas que não puderam participar. Aproveitando essa situação, estou colocando no blog alguns arquivos com as anotações do Orlando. São várias palestras tratando do assunto em diferentes épocas e enfoques. Para quem se interessar no assunto, vale a pena investir um pouco do tempo, baixar os arquivos e ler com calma, pois tem muitas informações importantes e valiosas. Além dos links abaixo, estou criando um espaço fixo no blog (embaixo à direita) onde pretendo postar, além destas, outras palestras que julgar de interesse dos usuários.
Foto de plantio de eucalipto clonal - a diferença entre o normal e o clonal seria como o antigo plantio na matraca e o atual plantio direto na palha. Só vendo!!!

Mercado Carbono e Reflorestamento
Eucalipto
Eucalipto II
Madeira no Paraná
Workshop Madeireiro - Maringá
Protocolo de Kyoto

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Diversificação no Noroeste

Sempre que posso procuro visitar produtores que estejam fazendo algo diferente, buscando alternativas para viabilização da atividade agrícola. Claro que nem tudo que alguns produtores estejam fazendo serve para todos, mas quero mostrar que existem alternativas para essa nossa porção do Estado, principalmente para o arenito, que ainda não definiu sua verdadeira vocação, embora já tenhamos alguns bons exemplos de sucesso. A seguir fotos de uma visita recente a um produtor que vem cultivando amendoim e obtendo produtividades superiores a 3.500 kg/ha. O resultado comparado à soja, que tem ciclo parecido e no arenito já mostrou ser de alto risco, é rentabilidade duas vezes superior com risco menor.
A lavoura em questão, 200 ha na fase de colheita, tem potencial produtivo de 4.000 kg/ha.
A cultura conta com zoneamento agrícola para o Estado do Paraná (ver Portaria).


segunda-feira, 5 de abril de 2010

Segredos do café

Para quem gosta de tomar café, vejam a reportagem do Globo Rural de ontem, com um especialista da região, que explica as diferenças entre as bebidas do café. Embora ele não entrou muito no detalhe, para quem não sabe, o brasileiro, em geral, bebe "no máximo" um bebida dura. Cafés de R$ 3,99/pct de 500 g que vemos no mercado, só pode ser bebida riada ou pior, misturado com conillon, quando não com alguma palha do próprio café, amendoim ou milho. Cafés bebida mole praticamente são todos exportados e não vemos nem o cheiro, exceto em casas especializadas.

Agora o maior absurdo que temos, é que o café é um dos poucos produtos que não tem a composição na embalagem (até um sabão tem um responsável técnico e os percentuais de cada componente!), enquanto que no café não sabemos nem a bebida. Só ultimamente algumas empresas começaram a colocar no rótulo se é arábica ou não. Talvez seja por isso que o produto tem pouco valor e o produtor, desestimulado, vem deixando a atividade.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Tendências climáticas II

Os próximos meses não devem apresentar períodos de estiagem significativos, que possam comprometer o desenvolvimento das lavouras, mas pelo jeito o "El Nino" está enfraquecendo e podemos partir para período de neutralidade climática, conforme mostra a reportagem abaixo. Assim, produtores e técnicos, de posse dessas informações valiosas, podem planejar melhor a próxima safra. Sabemos que não podemos acabar com o risco da agricultura, porém podemos minimizá-los, trabalhando com variedades, épocas de plantio, etc, mais adaptadas às condições que estão sendo previstas.

Matéria do site Agrolink, de 01/04/10
O fenômeno climático “El Niño” influenciou as condições climáticas nos últimos meses e foi o responsável pelo clima favorável ao longo desta última safra de verão, principalmente no Centro-sul do Brasil. A avaliação é do meteorologista Luiz Renato Lazinski, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), ligado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Segundo ele, o “El Niño” contribuiu para que as precipitações tivessem uma distribuição mais regular e abundante, favorecendo também a ocorrência de temperaturas acima da média, no decorrer dos últimos meses, colaborando assim, para o sucesso da produtividade agrícola.

“As águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial continuam acima da média, porém, a partir de fevereiro, as temperaturas superficiais destas águas vem diminuindo gradativamente. Os prognósticos climáticos, apontam para um declínio do El Niño nos próximos meses, com tendência de uma neutralidade climática já em meados deste ano”, explica Lazinski.

Com a diminuição do El Niño, frisa o meteorologista, as precipitações devem ficar levemente abaixo da média para os próximos meses, mas com uma distribuição mais irregular. “Contudo, não devem apresentar períodos de estiagem significativos, que possam comprometer o desenvolvimento das lavouras”, esclarece.

Já no segundo semestre deste ano, com a volta de uma neutralidade climática, e os modelos climáticos de longo prazo, sinalizando com a possível volta de uma La Niña, mais para o final do ano, a tendência é de que a partir de junho as precipitações se tornem irregulares, intercalando períodos de muita chuva, com períodos maiores de pouca ou nenhuma precipitação, com possibilidade de períodos de estiagem mais prolongados.

Lazinski explica que as temperaturas que ficaram acima da média, neste verão, voltaram aos padrões normais ao longo de março. “As primeiras ondas de frio mais intensas devem chegar ao Sul do Brasil a partir de abril, e os meses de abril e maio devem apresentar temperaturas abaixo da média para a época do ano”, frisa o meteorologista. Ele explica que este ano o frio chega mais cedo ao Centro-sul do Brasil. “Com a tendência de uma neutralidade climática, ou mesmo a volta de uma La Niña para o segundo semestre, devemos observar neste inverno, períodos mais frios intercalando com alguns períodos mais quentes, em anos como este os extremos de temperatura se acentuam, tanto nas máximas como nas mínimas, com possibilidade de ocorrência de geadas tardias”, completa.

Confira aqui as tendências climáticas para a safra de inverno e a previsão para próxima safra de verão, em entrevista com Luiz Renato Lazinski. Não deixe de assistir!