A matéria abaixo, tirada do site Agrolink, é bem interessante. Embora as plantas citadas sejam de verão, ou seja, concorrem com as nossas culturas principais, e por isso são pouco conhecidas e cultivadas, o estudo mostra que há muita coisa ainda a descobrir, e muitas soluções e respostas estão na própria natureza, basta fazermos bom uso delas.
O problema é que pouca gente dá importância para essas plantas, ditas "não comerciais", apesar de seu uso consagrado. É certo que ninguém vai plantar mucuna, feijão de porco ou crotalária ao invés de soja, mas para determinadas situações tais plantas podem ser utilizadas, principalmente na entrelinha de culturas permanentes como café, laranja, etc, entre outras situações. O difícil, no entanto, é encontrar sementes para o plantio. Na última semana resolvi comprar semente de mucuna-anã, para plantio na entrelinha do café que foi esqueletado. Pois bem, no Norte-Noroeste do Paraná deve ter duas ou três empresas que vendem tais sementes. Aí fica difícil: a demanda já é pequena, e quando há não se encontra sementes! E neste ponto, 2 x 0 para Londrina sobre Maringá. O problema é que não é todo produtor que pode pegar um carro e ir até Londrina para achar o que precisa.
Matéria - Fonte: Agrolink
"Descoberto mais um benefício do cultivo de adubos verdes. Dentre os diversas vantagens, a mucuna-preta e o feijão-de-porco descontaminam o solo afetado com resíduos de herbicida.
Já se sabe que o cultivo de espécies vegetais da família das leguminosas pode trazer inúmeros benefícios aos agroecossistemas, tais como: aporte de nitrogênio (N) ao solo, devido à simbiose com bactérias fixadoras de N atmosférico; descompactação do solo, resultante da ação de raízes pivotantes; ciclagem de nutrientes, depositando nas camadas superficiais nutrientes absorvidos de camadas mais profundas; adição de matéria orgânica ao solo; incremento da atividade biológica dos solos; e proteção do solo contra processos erosivos.
Uma equipe multidisciplinar de pesquisadores de quatro instituições (Universidade Federal do Espírito Santo, Universidade Federal de Viçosa, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e Embrapa Tabuleiros Costeiros) descobriu mais um benefício de duas espécies de adubos verdes - mucuna-preta (Stizolobium aterrimum) e feijão-de-porco (Canavalia ensiformis) – a capacidade de descontaminar solos com resíduos de herbicidas.
Alguns herbicidas registrados para uso em diversas culturas agrícolas no Brasil apresentam a característica de continuar ativo no solo por um longo período de tempo. O uso desses herbicidas pode impedir o plantio de outras culturas na mesma área por vários meses ou até anos. O uso do herbicida picloram pode exemplificar essa situação, pois após a sua aplicação no solo, deve-se esperar, em média, três anos para que se possa efetuar a semeadura de uma cultura sensível, com segurança, na mesma área.
Do ponto de vista ambiental a redução desse período de atividade residual do herbicida no solo também é positiva. Quanto maior o tempo que um herbicida permanece ativo no solo, maior é a probabilidade de ocorrer a lixiviação de suas moléculas no perfil do solo, podendo atingir e contaminar os mananciais de água subterrânea.
Trabalhos científicos comprovaram que o cultivo das espécies mucuna-preta e feijão-de-porco pode auxiliar na redução do nível de atividade no solo dos herbicidas trifloxysulfuron sodium e tebuthiuron. Com a aplicação dessa técnica pode-se reduzir significativamente o intervalo entre a aplicação desses herbicidas e a semeadura de uma espécie cultivada que não apresenta tolerância à presença dessas moléculas no solo.
Essa técnica de se utilizar plantas no intuito de se promover uma descontaminação de áreas agrícolas ou mesmo industriais é denominada de fitorremediação.
Essas pesquisas reforçam ainda mais os benefícios que o cultivo de adubos verdes pode proporcionar para as áreas agrícolas (otimização do uso da terra e redução da contaminação ambiental), mostrando a importância da inserção dessas espécies em sistemas de produção sustentáveis."
Sergio de Oliveira Procópio, pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros
Fábio Ribeiro Pires, professor da Universidade Federal do Espírito Santo
Embrapa Tabuleiros Costeiros - Aracaju
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