Situação hoje: O mercado futuro da BM&F/Bovespa aponta os seguintes preços para o milho para os vencimentos abaixo:
H10 mar/10 17,74 U10 set/10 18,37
K10 mai/10 17,76 X10 dez/10 18,99
Ou seja, para o segundo semestre (set/dez), os preços estão projetados em menos de R$ 19,00 por saca, base Campinas, que é a referência da Bolsa. Trazendo para a nossa região, descontando a diferença de base, que para Maringá deve ficar entre R$ 4,00 a R$ 6,00 (não é regra, apenas uma referência histórica), temos uma projeção de preço para venda no balcão aqui em Maringá entre R$ 13,00 e R$ 14,00 por saca. Claro que é uma perspectiva de mercado com base na situação de momento, que pode sofrer variações até o segundo semestre, de acordo com o comportamento das diversas variáveis formadoras de preço (clima, oferta, consumo, estoques, etc), mas é o melhor dado de tendência de preços que temos para análise.
Com base nesta situação de momento e do custo atual, podemos fazer uma projeção da rentabilidade que a cultura deve proporcionar. As premissas para a análise são:
- Preço estimado: R$ 14,00 - (R$ 0,233/kg) - realista
- Produtividade prevista: 4.500 kg/ha = 75 sc/ha ou 181 sc/alqueire
(otimista: 18% acima da média regional que é 3.800 kg/ha)
- Custo variável (desembolsos custeio): R$ 750,00/ha (53, 5 sc/ha)
- Custo total (s/ depreciação): R$ 900,00/ha (64 sc/ha ou 155 sc/alq)
Assim: Receita total: R$ 1.050,00 (4.500 x 0,233)
Custo total: R$ 900,00
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Lucro . . . . . R$ 150,00 / ha (rentabilidade ~ 16%)
Trocando em miúdos, fazendo uma correlação com a soja, que é a cultura principal e a que vai ser impactada pela decisão do que será cultivado no inverno, isso significa um lucro de menos de 5 sacas de soja por hectare, ou ainda, 11 sacas de soja por alqueire.
A pergunta é simples, vale a pena apostar todas as fichas no milho, tendo como base um cenário tão pouco atraente?
Some-se a tudo isto o fato que o plantio este ano tende a fugir do período ideal, de acordo com o zoneamento agrícola, que seria até 10 de março, já que a soja foi semeada um pouco mais tarde que de costume. Tudo isso deixa a cultura mais arriscada que o normal.
Para mim está claro que esta é a hora do produtor aproveitar a situação para fazer, em parte da área, uma lição de casa que por aqui poucos tem feito, que é a rotação de culturas. Quanto às alternativas, cito três pelo menos: o trigo (tem risco semelhante ao milho safrinha), a braquiária e a aveia preta. No caso das duas últimas, o objetivo seria apenas a adubação verde, sendo certo que o sistema devolve essas 5 sacas de soja por hectare em ganho de produtividade somente pelos benefícios promovidos pela rotação. Basta comparar as médias de produtividade de soja da região de Maringá com o de outras regiões como Campo Mourão, Ivaiporã, Rolândia, entre outras, onde a prática é mais comum.