quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Café - Para pensar...

Já falamos da situação complicada do café, onde os preços de mercado estão abaixo dos custos, para a grande maioria dos produtores, já há quase 10 anos. Apenas quem tem alta produtividade está conseguindo rentabilidade com a cultura.
Como mostrei em artigo anterior, os preços estão num mesmo patamar há anos, enquanto os custos subiram até mais de 500%. A temporada 08/09 colhida até agosto de 2009, que em termos mundiais para o café é a safra 09/10,  foi de baixa, dentro da bienalidade característica do café. Em junho/09 tivemos um dos menores níveis de estoque de passagem dos últimos tempos. O cenário era otimista em termos de reação de preços, mas os preços não reagiram.
Agora estou relendo um artigo que merece atenção, escrito pelo Sr. Guilherme Lange Goulart, em maio/09, na época presidente da APAC - Associação Paranaense de Cafeicultores, e publicado no Boletim da Faep do mesmo mês, que coloco abaixo para que pensemos no assunto.
O título era "IMPUREZAS QUE MASCARAM NÚMEROS E EMPOBRECEM QUEM PRODUZ", e dizia o que segue:

”Produção, consumo e estoque. Os fundamentos da cafeicultura são muito positivos”. É o que afirma o presidente da Apac. Segundo ele, o consumo é crescente, os estoques estão nos menores níveis históricos e a produção está estabilizada. Ao analisar os números da cafeicultura nacional, Goulart depara-se com mais incertezas.
"“Ao consideramos nosso consumo interno e o que exportamos, precisamos produzir, no mínimo, 46 milhões de sacas. Se produzimos entre 36 e 37 milhões de sacas, onde está a falha?”, questiona. Ele lembra que os estoques privados estão no mínimo e os do governo somam apenas 500 mil sacas. “Em junho, teremos o menor nível de estoque de passagem dos últimos tempos. Como os preços não reagem?”, indaga.
Frente a um cenário desanimador, Goulart levanta a hipótese de que, ao café nacional, são adicionadas impurezas que contribuem para agravar a situação. Na prática, o café brasileiro seria misturado com palha do produto torrada e peletizada, triguilho, milho, entre outros. “Como explicar o diferencial entre a necessidade de exportação mais o consumo interno com a produção média?”, pergunta.
Ao criticar a situação, Goulart defende a fiscalização como meio de impedir que os prejuízos ao produtor sejam uma constante. “Caso houvesse uma fiscalização mais eficiente, o espaço hoje ocupado por impurezas seria ocupado por café. Os preços reagiriam e tirariam o produtor dessa situação de extrema dificuldade em que se encontra há vários anos”, conclui.""

Para quem é cafeicultor ou quem sabe um pouquinho de matemática, dá para ficar com a pulga atrás da orelha com essas colocações e parar para refletir. O pior é que a safra que vamos colher a partir de maio, a chamada 10/11, será de bienalidade positiva, ou seja, deve ser alta, então o que esperar da cultura?
E o povo vai continuar tomando cafézinho misturado com algo mais, que nem sempre é açúcar...

Nenhum comentário:

Postar um comentário