Adição de fertilizante em herbicida dá resultado, mostra estudo
Ao lidarem com plantas daninhas, muitos agricultores costumam misturar dois fertilizantes ao herbicida glyphosate, a ureia e o sulfato de amônio, para aumentar a eficiência do produto. Em geral, essa adição tem sido realizada de forma empírica, mas uma pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP em Piracicaba, mostrou que as duas substâncias, em especial o sulfato de amônio, apresentam efeitos positivos para controle de algumas espécies.
O glyphosate é usado habitualmente na limpeza da área de cultivo antes de semear as culturas (dessecação) e para o controle de infestantes na soja transgênica. “Os agricultores costumam adicionar mais ureia ao herbicida, pois seu custo é bem menor que o do sulfato de amônio”, afirma o agrônomo Saul Jorge Pinto de Carvalho, que pesquisou o tema para sua tese de doutorado na Esalq. O trabalho teve orientação do professor Pedro Christoffoleti, do Departamento de Produção Vegetal e foi apresentado em dezembro de 2009.
As experiências em campo e em casa de vegetação (estufa) mostraram que, apesar de a combinação dos dois fertilizantes ter efeitos benéficos, o sulfato de amônio apresenta maiores vantagens. “Ele facilita a absorção celular do herbicida e atrasa a cristalização da gota sobre as folhas”, conta o agrônomo. “Isoladamente, sua ação positiva foi mais consistente e ocorreu com mais frequência do que no caso da ureia”.
Proporção
O estudo definiu a quantidade ideal dos fertilizantes a ser adicionada ao glyphosate. “No caso do sulfato de amônio, a proporção indicada é de 15 g L-1 (gramas/litro) de calda (mistura com o herbicida), enquanto a de ureia é de 5 g L-1”, destaca Carvalho. O pesquisador ressalta que resultados significativos também foram obtidos com a soma das metades de ambas as proporções, ou seja, adicionando-se 7,5 g de sulfato e 2,5 g de ureia no herbicida. “Além de eficaz, essa dosagem também permite redução de custos”.
Durante a pesquisa, foram verificadas quais espécies daninhas são melhor controladas pela presença de fertilizante misturado ao herbicida. “Em alguns casos, verificou-se ausência de efeitos, o que aconteceu com o apaga-fogo, a trapoeraba e o capim-braquiaria”, relata o agrônomo. “Essa informação é importante pois ajuda a racionalizar o uso da tecnologia de controle de plantas daninhas”.
Não foram verificados efeitos negativos em nenhuma espécie. No capim-massambará, capim-amargoso e corda de viola, a presença da ureia e do sulfato de amônio favoreceu a ação do glyphosate. “Tratam-se de espécies mais problemáticas para os agricultores”, diz Carvalho. “Nesses casos, os fertilizantes obtiveram melhores resultados”.
De acordo com o agrônomo, a pesquisa poderá reduzir o efeito empírico na aplicação do herbicida, racionalizando o controle de espécies daninhas. “Ao mesmo tempo, é recomendada a substituição da ureia pelo sulfato de amônio, já que este fertilizante apresentou maiores benefícios”, acrescenta. “Também deve ser dada maior atenção à qualidade da água usada no preparo da calda com o herbicida”.
A tese de Carvalho está disponível para consulta no Portal de Teses da USP, colocar "fertilizante + herbicida" na link de busca simples.
USP -Universidade de São Paulo
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