A safra 08/09 foi marcada por uma forte estiagem em nossa região, e embora os preços da soja estivessem altos, a rentabilidade foi seriamente prejudicada pois a produtividade foi baixa. Pelos dados oficiais do DERAL – Departamento de Economia Rural, da Secretaria da Agricultura do Estado do Paraná, a média de produtividade da soja na região do entorno de Maringá ficou ao redor de 1.800 kg/ha, sendo que em alguns municípios essa média foi menor ainda, principalmente aqueles que margeiam o Rio Ivaí.
Se considerarmos que o preço da soja, no primeiro semestre de 2009 (época de pico de comercialização da safra), foi em média R$ 43,60 por saca, a renda bruta de um hectare de soja ficou em torno de R$ 1.308,00 (na média). O custo total de produção, sem contar depreciação e custo de oportunidade do capital, de um hectare de soja foi de aproximadamente R$ 1.170,00. Portanto a rentabilidade média foi de apenas R$ 138,00 por hectare.
Nesta safra com colheita iniciada, o custo da soja está sendo 15% menor que o da safra passada, visto que houve uma redução no preço de alguns insumos, ficando o custo total na casa de R$ 1.000,00/ha. A produtividade, sendo pessimista, está estimada em pelo menos 3.000 kg/ha (67% maior). No geral, as lavouras estão ótimas, vejam as fotos. Considerando o preço atual de R$ 33,00/sc, projeta-se uma receita bruta de R$ 1.650,00/ha e líquida de R$ 650,00, uma rentabilidade portanto de 65%.
A análise que quero fazer é a seguinte: a margem não é ruim! Se analisarmos as atividades de forma geral percebemos que poucas dão esse retorno, porém quando fazemos a conta do que isso representa por ano para os produtores, vemos que somente quem tem áreas maiores pode estar satisfeito, é a velha questão da escala. Quando trazemos para a realidade da nossa região, onde predomina a pequena propriedade, e pegamos produtores que plantam 10 ou 20 hectares, vemos que o ganho anual dá pouco mais de um salário mínimo por mês. Se entrarmos no mérito do custo de oportunidade do capital investido aí é covardia querer fazer comparação com qualquer outra atividade comercial. O produtor ganha menos de R$ 1.000,00 por mês de rendimento em cima de um capital de R$ 300.000,00 (isso dá 4% ao ano, um péssimo negócio, a poupança – uma das piores aplicações, dá o dobro disso).
Aí vem a pergunta: é a soja que está remunerando mal (lembrem dos 65%!) ou é o pequeno produtor que está equivocado ao plantar uma cultura que sabidamente é para grandes áreas? Eu afirmo tranqüilamente que a segunda opção é a verdadeira. Estamos em cima de umas das terras mais ricas e caras do Brasil, e que portanto merece uma exploração diferenciada, de forma a extrair dela o melhor. Aí que entra a fruticultura, a floricultura, a olericultura, entre outras atividades mais intensivas que em uma pequena área de terra dão um retorno muito maior.
O exemplo abaixo é bem ilustrativo, onde comparo o desempenho de 1 hectare de soja com a mesma área de café (*), que dentre as alternativas propostas seria umas das piores nesse momento, devido a crise que passa a atividade, e que mesmo assim ainda é melhor que a soja. Observem que percentualmente a rentabilidade do café é metade da soja, porém em termos financeiros, que é que vale, a sobra bem maior.
OBS: (*) 1 ha de café bem conduzido, adensado, com produtividade média de 50 sacas beneficiadas por hectare.
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