domingo, 28 de fevereiro de 2010

Dica útil

Já falei que sempre gostei de plantas melhoradoras do solo, talvez seja por isso que não consigo entender um produtor que deixa uma área em pousio, sem fazer uso de uma eficiente cobertura, sabendo que temos diversas alternativas seja para inverno quanto para o verão. Lógico que todas são para recomendações de uso agrícola, mas vou mostrar que podemos utilizar algumas delas até na cidade. A foto mostra um terreno urbano, mais conhecido no Paraná por "data", onde plantei a mucuna-preta, uma planta leguminosa interessante, com o objetivo de cobrir o terreno, evitando infestações de ervas daninhas e gastos desnecessários com herbicidas, capinas ou roçadas. O resultado é prático: abafa toda e qualquer erva que queira emergir e ainda por cima deixa um visual "limpo" e bonito por praticamente um ano inteiro.
Sei que terreno foi feito para construir, mas enquanto isso não acontece, os proprietários podem se valer de algumas alternativas baratas e eficientes. Mas alerto, a planta em questão é agressiva e de crescimento rápido, portanto requer algum cuidado na condução, e de preferência uma consulta a um técnico antes da implantação. Mas fica a dica!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Café, o fim de um ciclo

Coloco em destaque um artigo publicado no Jornal Folha de S. Paulo de 07/01/2010, escrito por  MARCELO VIEIRA e LUIZ MARCOS SUPLICY HAFERS, sujeitos ativos da cadeia produtiva do café, que destacam a situação da cafeicultura brasileira. Vale a pena ler o texto todo, em todo caso destaco alguns pontos da análise:

... Estamos assistindo ao fim de um ciclo, durante o qual um único produto foi o principal em nossa pauta de exportações e financiou parte importante da industrialização do país... O Brasil ainda é o maior produtor de Café, o maior exportador, mas, mesmo numa fase de preços internacionais relativamente favoráveis, nosso produtor não tem obtido retorno adequado...Num negócio em que a mão de obra representa mais de 50% do custo da produção, um produtor que paga a um colhedor US$ 500 mensais não tem como competir com produtores da América Latina, da África e da Ásia, que buscam esse valor como renda anual... A indústria do Café passou por uma progressiva substituição do Café arábica, de mais alto custo e com maior potencial de qualidade, pelo Café robusta, produzido em regiões de menor altitude, com menor custo... O produtor de robusta, que abastecia 25% do consumo mundial há 30 anos, hoje tem uma participação de 40% no mercado mundial de Café... A expansão da cafeicultura tem vindo da produção familiar: o Café é, possivelmente, a cultura mais adequada a uma propriedade familiar, por ser uma produção intensiva no uso da terra e da mão de obra...  Clique aqui para ler o texto na íntegra!

Particularmente achei o texto bem coerente, onde fecha com a questão do endividamento do setor e sugere a erradicação da parte ineficiente do parque produtivo, o que levaria à redução da área e ao aumento da produtividade, com consequente redução das exportações, provocando um aumento das cotações internacionais. Para mim está claro que o café só é viável com alta produtividade, e mesmo na pequena propriedade a mecanização é fundamental, já que a mão-de-obra excassa e cara é o grande gargalo. Por aqui, o IAPAR, através do Dr. Tumoro Sera já vem defendendo essa alternativa de conjugação do adensamento e a mecanização na propriedade familiar, que fecha perfeitamente com a idéia central de aumento de produtividade e redução de custos.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Tendência de clima

O colega Orlando, Eng. Agrônomo do BB, participou de um Dia de Campo na semana passada onde foi abordada a questão de tendência do clima para os próximos meses. Atualmente existem muitos sites que disponibilizam informações importantes que podem ser valiosas para tomada de decisão, sejam aquelas de previsão climáticas de curto prazo para decisões imediatas quanto a plantio, aplicação de defensivos, etc, quanto aquelas de tendências para os próximos meses, importantes para decisões mais macros, como qual cultura implantar, plantios antecipados ou mais tardios, variedades precoces ou médias, entre outras.
O site indicado é o do Café Point, que além de outras informações relevantes da cadeia produtiva do café, traz um link sobre clima.
A tabela que coloco abaixo é a tendência climática para os próximos 6 meses para a nossa região de Maringá, mais especificamente o município de Mandaguari, e  mostra que devemos continuar com chuvas acima da média, principalmente em  maio e julho. Bom para o milho safrinha e trigo, porém preocupante para os cafeicultores, que estarão em período de plena colheita. Fica a dica e o link para o acesso direto às previsões, clicando aqui.


OBS: ao que parece as informações disponibilizadas neste site são da Somar Meteorologia.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Rentabilidade da Soja

A safra 08/09 foi marcada por uma forte estiagem em nossa região, e embora os preços da soja estivessem altos, a rentabilidade foi seriamente prejudicada pois a produtividade foi baixa. Pelos dados oficiais do DERAL – Departamento de Economia Rural, da Secretaria da Agricultura do Estado do Paraná, a média de produtividade da soja na região do entorno de Maringá ficou ao redor de 1.800 kg/ha, sendo que em alguns municípios essa média foi menor ainda, principalmente aqueles que margeiam o Rio Ivaí.

Se considerarmos que o preço da soja, no primeiro semestre de 2009 (época de pico de comercialização da safra), foi em média R$ 43,60 por saca, a renda bruta de um hectare de soja ficou em torno de R$ 1.308,00 (na média). O custo total de produção, sem contar depreciação e custo de oportunidade do capital, de um hectare de soja foi de aproximadamente R$ 1.170,00. Portanto a rentabilidade média foi de apenas R$ 138,00 por hectare.

Nesta safra com colheita iniciada, o custo da soja está sendo 15% menor que o da safra passada, visto que houve uma redução no preço de alguns insumos, ficando o custo total na casa de R$ 1.000,00/ha. A produtividade, sendo pessimista, está estimada em pelo menos 3.000 kg/ha (67% maior). No geral, as lavouras estão ótimas, vejam as fotos. Considerando o preço atual de R$ 33,00/sc, projeta-se uma receita bruta de R$ 1.650,00/ha e líquida de R$ 650,00, uma rentabilidade portanto de 65%.

A análise que quero fazer é a seguinte: a margem não é ruim! Se analisarmos as atividades de forma geral percebemos que poucas dão esse retorno, porém quando fazemos a conta do que isso representa por ano para os produtores, vemos que somente quem tem áreas maiores pode estar satisfeito, é a velha questão da escala. Quando trazemos para a realidade da nossa região, onde predomina a pequena propriedade, e pegamos produtores que plantam 10 ou 20 hectares, vemos que o ganho anual dá pouco mais de um salário mínimo por mês. Se entrarmos no mérito do custo de oportunidade do capital investido aí é covardia querer fazer comparação com qualquer outra atividade comercial. O produtor ganha menos de R$ 1.000,00 por mês de rendimento em cima de um capital de R$ 300.000,00 (isso dá 4% ao ano, um péssimo negócio, a poupança – uma das piores aplicações, dá o dobro disso).

Aí vem a pergunta: é a soja que está remunerando mal (lembrem dos 65%!) ou é o pequeno produtor que está equivocado ao plantar uma cultura que sabidamente é para grandes áreas? Eu afirmo tranqüilamente que a segunda opção é a verdadeira. Estamos em cima de umas das terras mais ricas e caras do Brasil, e que portanto merece uma exploração diferenciada, de forma a extrair dela o melhor. Aí que entra a fruticultura, a floricultura, a olericultura, entre outras atividades mais intensivas que em uma pequena área de terra dão um retorno muito maior.

O exemplo abaixo é bem ilustrativo, onde comparo o desempenho de 1 hectare de soja com a mesma área de café (*), que dentre as alternativas propostas seria umas das piores nesse momento, devido a crise que passa a atividade, e que mesmo assim ainda é melhor que a soja. Observem que percentualmente a rentabilidade do café é metade da soja, porém em termos financeiros, que é que vale, a sobra bem maior. 
OBS: (*) 1 ha de café bem conduzido, adensado, com produtividade média de 50 sacas beneficiadas por hectare.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Dia de Campo

Procuro não citar empresas para não ser injusto ou mostrar preferência por essa ou aquela, mas quando o trabalho é técnico, não tem como. Ontem participei de tradicional Dia de Campo de uma empresa de revenda de insumos de Maringá, e mesmo com parte do foco na venda de produtos, fica claro o trabalho sério que vêm desenvolvendo. Não é de hoje que o colega Eng. Agrônomo Moacir Ferro defende o plantio direto e a rotação de culturas, mas já há alguns anos partiu para um exercício mais prático, assessorando um grupo de produtores que recebem acompanhamento sistemático com base num planejamento de longo prazo. O produtor do grupo, que participa do chamado Projeto Ciclo Verde (por sinal um nome bem original), já sabe o que vai plantar daqui a 5 anos em cada talhão da propriedade, que é previamente dividida, visando a rotação de culturas. É um trabalho de formiguinha que pouco a pouco vai ganhando corpo e novos adeptos. O sucesso e os resultados positivos são evidentes: melhora da microbiologia, da física e química do solo, aumento da produtividade, e principalmente diminuição de riscos e aumento de renda. Em uma das baterias estava presente o Eng. Agrônomo Cássio Tormena, Doutor da UEM em física de solo, que deixou claro que enquanto produtores e técnicos continuarem no velho modelo, que segue o batido binômio soja-milho safrinha ou soja-trigo, com suas palavras, “vão continuar repetindo uma receita de insucesso”.

Para mim que tenho formação agronômica e sempre fui adepto do manejo integrado do solo, da rotação de culturas, da adubação verde, enfim da sustentabilidade do sistema, é muito grato perceber que um trabalho sério vem sendo desenvolvido aqui na região.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

2010: ano da aveia preta !

O uso de espécies de cobertura de inverno, conhecidas como adubos verdes, tem mostrado grande eficiência no controle da erosão e reciclagem de nutrientes, evitando perdas principalmente por lixiviação. Essas plantas promovem consideráveis aumentos de rendimento das culturas subsequentes e também são importantes economicamente pois permitem melhor aproveitamento e redução da adubação mineral nas culturas implantadas logo a seguir. Além disso, várias espécies contribuem para a diminuição da infestação de invasoras, contribuindo para a diminuição do custo de produção das culturas de verão. O caso da "buva" está muito evidente, planta daninha agressiva, que tem uma supressão muito grande quando no inverno se cultiva braquiária ou mesmo aveia, mas isso merece uma abordagem especial em outra ocasião.
Umas das boas alternativas para o cultivo no inverno visando a adubação verde é a aveia preta, espécie já consagrada há muito tempo, mas que ultimamente tem estado esquecida, principalmente porque nos últimos anos os invernos foram secos e o desenvolvimento da planta acabou prejudicado. Este ano, porém, considerando a previsão de que estaremos ainda sob os efeitos do "El Nino", acredito que seja um bom ano para investir na planta, que é uma gramínea rústica, relativamente resistente a seca e apresenta ótimo desenvolvimento em nossa região.
Assim, fica o alerta aos técnicos e produtores: lembremos da aveia preta como uma alternativa de cultivo nesse inverno. Particularmente acho que esse seja o ano da aveia.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Rentabilidade do Milho Safrinha 2010

Situação hoje: O mercado futuro da BM&F/Bovespa aponta os seguintes preços para o milho para os vencimentos abaixo:
H10   mar/10   17,74                  U10   set/10    18,37
K10   mai/10   17,76                   X10   dez/10   18,99
Ou seja, para o segundo semestre (set/dez), os preços estão projetados em menos de R$ 19,00 por saca, base Campinas, que é a referência da Bolsa. Trazendo para a nossa região, descontando a diferença de base, que para Maringá deve ficar entre R$ 4,00 a R$ 6,00 (não é regra, apenas uma referência histórica), temos uma projeção de preço para venda no balcão aqui em Maringá entre R$ 13,00 e R$ 14,00 por saca. Claro que é uma perspectiva de mercado com base na situação de momento, que pode sofrer variações até o segundo semestre, de acordo com o comportamento das diversas variáveis formadoras de preço (clima, oferta, consumo, estoques, etc), mas é o melhor dado de tendência de preços que temos para análise.

Com base nesta situação de momento e do custo atual, podemos fazer uma projeção da rentabilidade que a cultura deve proporcionar. As premissas para a análise são:

- Preço estimado: R$ 14,00  -  (R$ 0,233/kg) - realista
- Produtividade prevista: 4.500 kg/ha  = 75 sc/ha ou 181 sc/alqueire
             (otimista: 18% acima da média regional que é 3.800 kg/ha)
- Custo variável (desembolsos custeio): R$ 750,00/ha (53, 5 sc/ha)
- Custo total (s/ depreciação): R$ 900,00/ha (64 sc/ha ou 155 sc/alq)
 
Assim: Receita total:  R$  1.050,00 (4.500 x 0,233)
           Custo total:    R$     900,00
           --------------------------------
           Lucro . . . . .  R$      150,00 / ha (rentabilidade ~ 16%)

Trocando em miúdos, fazendo uma correlação com  a soja, que é a cultura principal e a que vai ser impactada pela decisão do que será cultivado no inverno, isso significa um lucro de menos de 5 sacas de soja por hectare, ou ainda, 11 sacas de soja por alqueire.
A pergunta é simples, vale a pena apostar todas as fichas no milho, tendo como base um cenário tão pouco atraente?
Some-se a tudo isto o fato que o plantio este ano tende a fugir do período ideal, de acordo com o zoneamento agrícola, que seria até 10 de março, já que a soja foi semeada um pouco mais tarde que de costume. Tudo isso deixa a cultura mais arriscada que o normal.
Para mim está claro que esta é a hora do produtor aproveitar a situação para fazer, em parte da área, uma lição de casa que por aqui poucos tem feito, que é a rotação de culturas. Quanto às alternativas, cito três pelo menos: o trigo (tem risco semelhante ao milho safrinha), a braquiária e a aveia preta. No caso das duas últimas, o objetivo seria apenas a adubação verde, sendo certo que o sistema devolve essas 5 sacas de soja por hectare em ganho de produtividade somente pelos benefícios promovidos pela rotação. Basta comparar as médias de produtividade de soja da região de Maringá com o de outras regiões como Campo Mourão, Ivaiporã, Rolândia, entre outras, onde a prática é mais comum.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Café - Para pensar...

Já falamos da situação complicada do café, onde os preços de mercado estão abaixo dos custos, para a grande maioria dos produtores, já há quase 10 anos. Apenas quem tem alta produtividade está conseguindo rentabilidade com a cultura.
Como mostrei em artigo anterior, os preços estão num mesmo patamar há anos, enquanto os custos subiram até mais de 500%. A temporada 08/09 colhida até agosto de 2009, que em termos mundiais para o café é a safra 09/10,  foi de baixa, dentro da bienalidade característica do café. Em junho/09 tivemos um dos menores níveis de estoque de passagem dos últimos tempos. O cenário era otimista em termos de reação de preços, mas os preços não reagiram.
Agora estou relendo um artigo que merece atenção, escrito pelo Sr. Guilherme Lange Goulart, em maio/09, na época presidente da APAC - Associação Paranaense de Cafeicultores, e publicado no Boletim da Faep do mesmo mês, que coloco abaixo para que pensemos no assunto.
O título era "IMPUREZAS QUE MASCARAM NÚMEROS E EMPOBRECEM QUEM PRODUZ", e dizia o que segue:

”Produção, consumo e estoque. Os fundamentos da cafeicultura são muito positivos”. É o que afirma o presidente da Apac. Segundo ele, o consumo é crescente, os estoques estão nos menores níveis históricos e a produção está estabilizada. Ao analisar os números da cafeicultura nacional, Goulart depara-se com mais incertezas.
"“Ao consideramos nosso consumo interno e o que exportamos, precisamos produzir, no mínimo, 46 milhões de sacas. Se produzimos entre 36 e 37 milhões de sacas, onde está a falha?”, questiona. Ele lembra que os estoques privados estão no mínimo e os do governo somam apenas 500 mil sacas. “Em junho, teremos o menor nível de estoque de passagem dos últimos tempos. Como os preços não reagem?”, indaga.
Frente a um cenário desanimador, Goulart levanta a hipótese de que, ao café nacional, são adicionadas impurezas que contribuem para agravar a situação. Na prática, o café brasileiro seria misturado com palha do produto torrada e peletizada, triguilho, milho, entre outros. “Como explicar o diferencial entre a necessidade de exportação mais o consumo interno com a produção média?”, pergunta.
Ao criticar a situação, Goulart defende a fiscalização como meio de impedir que os prejuízos ao produtor sejam uma constante. “Caso houvesse uma fiscalização mais eficiente, o espaço hoje ocupado por impurezas seria ocupado por café. Os preços reagiriam e tirariam o produtor dessa situação de extrema dificuldade em que se encontra há vários anos”, conclui.""

Para quem é cafeicultor ou quem sabe um pouquinho de matemática, dá para ficar com a pulga atrás da orelha com essas colocações e parar para refletir. O pior é que a safra que vamos colher a partir de maio, a chamada 10/11, será de bienalidade positiva, ou seja, deve ser alta, então o que esperar da cultura?
E o povo vai continuar tomando cafézinho misturado com algo mais, que nem sempre é açúcar...

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Adição de fertilizante em herbicida

Adição de fertilizante em herbicida dá resultado, mostra estudo

Ao lidarem com plantas daninhas, muitos agricultores costumam misturar dois fertilizantes ao herbicida glyphosate, a ureia e o sulfato de amônio, para aumentar a eficiência do produto. Em geral, essa adição tem sido realizada de forma empírica, mas uma pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP em Piracicaba, mostrou que as duas substâncias, em especial o sulfato de amônio, apresentam efeitos positivos para controle de algumas espécies.

O glyphosate é usado habitualmente na limpeza da área de cultivo antes de semear as culturas (dessecação) e para o controle de infestantes na soja transgênica. “Os agricultores costumam adicionar mais ureia ao herbicida, pois seu custo é bem menor que o do sulfato de amônio”, afirma o agrônomo Saul Jorge Pinto de Carvalho, que pesquisou o tema para sua tese de doutorado na Esalq. O trabalho teve orientação do professor Pedro Christoffoleti, do Departamento de Produção Vegetal e foi apresentado em dezembro de 2009.

As experiências em campo e em casa de vegetação (estufa) mostraram que, apesar de a combinação dos dois fertilizantes ter efeitos benéficos, o sulfato de amônio apresenta maiores vantagens. “Ele facilita a absorção celular do herbicida e atrasa a cristalização da gota sobre as folhas”, conta o agrônomo. “Isoladamente, sua ação positiva foi mais consistente e ocorreu com mais frequência do que no caso da ureia”.

Proporção
O estudo definiu a quantidade ideal dos fertilizantes a ser adicionada ao glyphosate. “No caso do sulfato de amônio, a proporção indicada é de 15 g L-1 (gramas/litro) de calda (mistura com o herbicida), enquanto a de ureia é de 5 g L-1”, destaca Carvalho. O pesquisador ressalta que resultados significativos também foram obtidos com a soma das metades de ambas as proporções, ou seja, adicionando-se 7,5 g de sulfato e 2,5 g de ureia no herbicida. “Além de eficaz, essa dosagem também permite redução de custos”.

Durante a pesquisa, foram verificadas quais espécies daninhas são melhor controladas pela presença de fertilizante misturado ao herbicida. “Em alguns casos, verificou-se ausência de efeitos, o que aconteceu com o apaga-fogo, a trapoeraba e o capim-braquiaria”, relata o agrônomo. “Essa informação é importante pois ajuda a racionalizar o uso da tecnologia de controle de plantas daninhas”.

Não foram verificados efeitos negativos em nenhuma espécie. No capim-massambará, capim-amargoso e corda de viola, a presença da ureia e do sulfato de amônio favoreceu a ação do glyphosate. “Tratam-se de espécies mais problemáticas para os agricultores”, diz Carvalho. “Nesses casos, os fertilizantes obtiveram melhores resultados”.

De acordo com o agrônomo, a pesquisa poderá reduzir o efeito empírico na aplicação do herbicida, racionalizando o controle de espécies daninhas. “Ao mesmo tempo, é recomendada a substituição da ureia pelo sulfato de amônio, já que este fertilizante apresentou maiores benefícios”, acrescenta. “Também deve ser dada maior atenção à qualidade da água usada no preparo da calda com o herbicida”.

A tese de Carvalho está disponível para consulta no Portal de Teses da USP, colocar "fertilizante + herbicida" na link de busca simples.

USP -Universidade de São Paulo